Fatos para serem lembrados não apenas em 25 de novembro, Dia Internacional para a
Eliminação da Violência contra a Mulher, mas diariamente
Em qualquer lugar é possível ter casos de violência
contra mulher e o pior é que a justiça está ausente.
Caso 1 - Em Busia,
Quênia, em junho deste ano, uma jovem de 16 anos foi violentada e jogada em uma
fossa de seis metros de profundidade, que acabou ocasionando em uma fratura da
coluna e uma fístula obstétrica. A polícia decidiu não perseguir penalmente os
homens. Em lugar, como castigo, ordenou-lhes cortar o gramado da estação
policial.
Solução – A notícia
desencadeou uma excepcional manifestação de indignação pública. A campanha
“Justiça para Liz”, assinada por um 1,4 milhões de pessoas, fez com que o
presidente da Corte do Quênia tomasse providencias imediatas para o caso. Por
que foi necessária a mobilização de 1,4 milhões de pessoas para que se
iniciasse o processo de justiça e qual é o direito humano fundamental da
vítima?
Caso 2 – Em Auckland, Nova Zelândia, quando
uma menina de 13 anos havia denunciado a polícia de que havia sido violentada
por três jovens, uma das primeiras perguntas que ela contou que lhe fizeram
foi: “Como estava vestida?”. Isto ocorreu em 2011. Dois anos mais tarde, depois
de várias agressões similares pelo mesmo grupo, se gerou uma reação pública com
o objetivo de que as autoridades tomassem alguma medida.
Solução – Ao órgão de controle da conduta da polícia
da Nova Zelândia foi ordenado revisar a conduta destes casos e a polícia,
agora, finalmente está realizando as investigações que deveriam ter sido
iniciadas dois anos antes.
Tristemente, estes não são casos isolados.
Estes crimes ocorrem regularmente em diversos países em todo o mundo, mas
raramente aparecem nas manchetes, geram uma indignação pública ou levam as
autoridades a tomar decisões.
Na maioria dos lugares, as mulheres são
envergonhadas ou intimidades por denunciar à polícia a violência, particularmente
a violência sexual. E quando elas ultrapassam as diversas barreiras sociais e
tabus e fazem uma denúncia, enfrentam, frequentemente, cruéis e insensíveis
reações oficiais, que, de maneira efetiva, impedem o acesso à justiça.
A violência contra as mulheres e crianças têm
se perpetuado por séculos de dominação masculina e discriminação baseada no
gênero. Esta violência está embasada em normas profundamente enraizadas
socialmente, as quais só reconhecem o valor das mulheres a partir de noções discriminatórias
de castidade e “honra” e é frequentemente usada para controlar e humilhar não
apenas as vítimas, mas também suas famílias e comunidades.
É essencial desafiar estas noções, que
comumente permeiam o sistema de justiça, o qual resulta em um círculo vicioso
de impunidade e maior violência.
O Comitê para a Eliminação da Discriminação
contra a Mulher e a relatora especial sobre a Violência contra as Mulheres têm
documentado a violência contra as mulheres, suas causas e consequências em todo
o mundo e têm recomendado medidas para eliminar esta violência e reparar suas
consequências.
Estas recomendações devem ser levadas a
sério. Os Estados estão obrigados pelo direito internacional dos direitos
humanos a assegurar que o sistema de justiça penal, em cada uma de suas etapas,
se encontre livre de preconceitos de gênero, que inclui a investigação,
perseguição, interrogatórios, proteção das vitimas e testemunhas, o
pronunciamento das sentenças.
A insinuação de que as mulheres têm uma
propensão a mentir e que seu testemunho deve ser corroborado ou tomado com
cautela deve ser eliminada em todas as etapas dos processos judiciais, assim
como a ideia de que as mulheres incitam a violência sexual por estar fora de
casa à noite ou por vestir-se de uma maneira em particular.
No Dia Internacional para a Eliminação da
Violência contra a Mulher, façamos o que estiver ao alcance para eliminar os
estereótipos prejudiciais de gênero que ajudam a perpetuar um clima de que a
violência contra as mulheres é considerada aceitável ou “merecida”. A violência
contra as mulheres é simples e absolutamente inaceitável – sem importar como
estejam vestidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua participação é muito importante para melhorias de nosso trabalho. Ficamos gratos por participar...