A Assembleia Geral das Nações Unidas adotou na última quarta-feira
(18) uma resolução sobre a segurança dos jornalistas e a questão da
impunidade. O texto “condena todo tipo de ataque e violência contra jornalistas
e profissionais de mídia, como tortura, execuções extrajudiciais,
desaparecimentos forçados, detenções arbitrárias e intimidação e perseguição em
ambas as situações de conflito e de não conflito”.
É a primeira
vez que a Assembleia Geral aprova uma resolução que trata diretamente da segurança dos jornalistas e da questão da
impunidade.
A resolução
também proclamou 2 de novembro como o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade
de Crimes contra Jornalistas. A data coincide com o dia em que os jornalistas
franceses Ghislaine Dupont e Claude Verlon foram mortos no Mali neste ano. A
data também está dentro do período das três semanas que as organizações não
governamentais da área em todo o mundo fazem campanhas contra a impunidade todo ano.
“Parabenizo
a adoção desta resolução pela Assembleia Geral e o seu reconhecimento da
liderança da UNESCO na promoção da segurança dos jornalistas e na luta contra a
impunidade”, disse a chefe da UNESCO, Irina Bokova.
A resolução
pede que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, relate em sua próxima sessão,
em 2014, o progresso que está sendo feito pelo Sistema das Nações Unidas no que
diz respeito à implementação do Plano de Ação da ONU sobre a Segurança dos Jornalistas
e a Questão da Impunidade.
Ela também
convida a UNESCO para ser a coordenadora geral da implementação do Plano de
Ação das Nações Unidas sobre a Segurança dos Jornalistas e a Questão da
Impunidade, operando com os Estados-membros, agências da ONU, organizações,
fundos e programas para a troca de informações relevantes.
A sociedade
civil também saudou a aprovação da resolução. A ‘Repórteres Sem Fronteiras’
classificou a resolução como “um novo passo na direção certa”.
A resolução
– co-patrocinada pela Grécia, Argentina, Áustria, Costa Rica, França, Tunísia e
outros 72 países – pede aos Estados que promovam um ambiente seguro e propício
para que os jornalistas possam realizar seu trabalho de forma independente e
sem interferências indevidas, tais como medidas legislativas.
Além disso,
pede o aumento da conscientização sobre os direitos humanos internacionais e as
obrigações legais e compromissos relacionados à segurança dos jornalistas no
direito humanitário, especialmente no Judiciário e entre os agentes policiais e
militares, bem como entre os jornalistas e a sociedade civil.
A resolução
sugere ainda o monitoramento e comunicado sobre os ataques contra jornalistas;
a condenação pública dos ataques; bem como o aporte dos recursos necessários
para investigar e julgar tais ataques.
Com mais de
600 jornalistas mortos nos últimos dez anos e muitos outros sofrendo ataques
não fatais – bem como a taxa extremamente baixa da condenação dos autores
desses crimes –, a resolução vem em um momento crucial no trabalho da promoção
da segurança de jornalistas, profissionais de mídia e produtores de mídia
social que geram o jornalismo de interesse público, aponta a UNESCO.
“A resolução
marca o compromisso contínuo das Nações Unidas e da UNESCO para melhorar a
segurança dos jornalistas e combater a impunidade”, disse a agência da ONU.
Em 2010, o
Programa Internacional para o Desenvolvimento da Comunicação (em inglês, IPDC)
da UNESCO reconheceu a necessidade de unir todas as partes interessadas na
busca da proteção dos jornalistas. O IPDC buscou um mecanismo que aproveitasse
a força coletiva do Sistema ONU, dos Estados-membros, da sociedade civil
nacional e internacional, dos acadêmicos e da mídia em si para lidar com a
segurança dos jornalistas e a questão da impunidade.
O resultado
foi o Plano de Ação da ONU
sobre a Segurança dos Jornalistas e a Questão da Impunidade, adotado em uma
conferência em setembro de 2011 e, em seguida, aprovado pelo Conselho de Chefes
Executivos das Nações Unidas em abril de 2012.
Em 2006, o
Conselho de Segurança da ONU aprovou a resolução 1738, que condena os ataques
de jornalistas que trabalham em situações de conflito.
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